segunda-feira, 29 de junho de 2009

meu gato é lindo!

terça-feira, 16 de junho de 2009

A minha paixão pelas coisas velhas



"Não acho que as coisas ‘velhas’ ou os velhos sejam irrelevantes em nossas vidas de pessoas mais novas"
Ulisses Aesse
Antes de morrer, meu avô João Amaro levou até minha mãe um ferro velho, desses que funcionavam a brasa. Disse que sabia da
minha preferência pelas coisas ‘velhas’. Pediu a ela que me desse o ferro, guardado havia anos. Meu irmão, vendo a antiguidade, se
interessou por ela. Recebeu a negativa de minha mãe:
– O ferro antigo é para o Ulisses.
Minha mãe me incentivava em tudo. Certo dia, me viu com uma das orelhas furada e, ao invés de me censurar, preferiu me oferecer
alguns pares de brinco para uma seleção:
– Escolha um deles. São meus, mas servem para homem. Esse seu (o que estava na minha orelha) não é de material bom e pode
infeccionar.
Certa de que dificilmente me veria como um cidadão comum, desses que se contentam apenas com o tempo presente da vida,
minha mãe nunca achou ruim quando chegava em casa com alguma coisa velha.
Lembro-me quando comprei uma Vespa. Recebi seu aval. Rindo um sorriso desconfiado, disse em tom de brincadeira:
– Não tinha nada mais moderno?!!
Riu, olhou, foi para o azul claro da sala.
Não vejo os olhos com a modernidade dos que têm gula na alma e censuram o diferente na vida das pessoas. Prefiro acreditar que
tudo na vida tem o seu sentido, o seu significado. O ferro, o brinco, a Vespa, a paixão pelo diferente, pelo incomum.
Não acho que as coisas ‘velhas’ ou os velhos sejam irrelevantes em nossas vidas de pessoas mais novas. Não há razão para
censurar o sol quando descobrimos um planeta novo com o brilho de nossa curiosidade. Tudo tem sentido na vida e nossa vida tem
sentido em tudo que é passageiro. Mesmo que fique pensando na nossa eternidade.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Meu nome é Nego. Não me importo muito com as coisas. Aliás, fico feliz quando ganha uma latinha de Wiskas. Mais suculenta, impossível.

terça-feira, 2 de junho de 2009

A luz do forno da vida

Oi, estou vivo! Amanhã desço do meu salto e me aproximo da terra. Estarei no lançamento do livro Praça das Artes, do meu amigo PX Silveira e G.Fogaça. Há uma luz infinita que me abraça no futuro. Não como a luz do Sol. Maior que ele. A luz do forno da vida.

Há uma celebração na natureza



Quando viajo pelas linhas do horizonte me perco sempre no limite da busca
Às vezes me pego com o olhar perdido na natureza. Estou ali, tão presente como as ramas que se espalham na umidade do solo.
Não há razão para não me sentir vegetal. Imagino meus braços balançando como as folhas das árvores num aceno para a vida:
— Oi, estou aqui, vivo!
Vejo um certo sorriso nas águas que se abrem com a queda de uma folha ou de uma semente. Há um certo suspiro no fruto que cai
na terra pronto para o sabor de quem vai experimentá-lo no prazer da fome.
Não consigo mais respirar sem que olhe para as plantas e sua extensa e espalhafatosa geografia, como se procurasse ali quem não
pudesse encontrar entre as espécies perdidas desses homens e seus espantalhos.
Quando viajo pelas linhas do horizonte me perco sempre no limite da busca. Procuro o ser elementar que muitos procuram e que,
com certeza, seja gnomo ou duende, está contido nas formas da natureza, nas suas cores manchadas de felicidade.
Há ali a certeza de que não somos sozinhos no mundo e como é importante cada célula verde que fabrica a fotossíntese que nos
alimentar o ar.
Não consigo não ver no derramamento do sol (essa cachoeira de luz!) a certeza da vida. Há ali a absoluta certeza de que a vida é
uma eterna celebração e que somos só poeiras nesse processo intenso que é a comunhão.
Algo me inquieta quando noto que as pessoas usam as plantas apenas como adorno. É como se sentisse eu próprio o adorno dos
outros.
Há necessariamente que se pensar que a vida está presente na vida nas suas diversas formas e que as flores e os frutos nos são
tão necessários como é necessária a alegria por querer viver.
Vivo porque quero viver.
Ulisses Aesse é editor de Reportagem