terça-feira, 2 de junho de 2009

Há uma celebração na natureza



Quando viajo pelas linhas do horizonte me perco sempre no limite da busca
Às vezes me pego com o olhar perdido na natureza. Estou ali, tão presente como as ramas que se espalham na umidade do solo.
Não há razão para não me sentir vegetal. Imagino meus braços balançando como as folhas das árvores num aceno para a vida:
— Oi, estou aqui, vivo!
Vejo um certo sorriso nas águas que se abrem com a queda de uma folha ou de uma semente. Há um certo suspiro no fruto que cai
na terra pronto para o sabor de quem vai experimentá-lo no prazer da fome.
Não consigo mais respirar sem que olhe para as plantas e sua extensa e espalhafatosa geografia, como se procurasse ali quem não
pudesse encontrar entre as espécies perdidas desses homens e seus espantalhos.
Quando viajo pelas linhas do horizonte me perco sempre no limite da busca. Procuro o ser elementar que muitos procuram e que,
com certeza, seja gnomo ou duende, está contido nas formas da natureza, nas suas cores manchadas de felicidade.
Há ali a certeza de que não somos sozinhos no mundo e como é importante cada célula verde que fabrica a fotossíntese que nos
alimentar o ar.
Não consigo não ver no derramamento do sol (essa cachoeira de luz!) a certeza da vida. Há ali a absoluta certeza de que a vida é
uma eterna celebração e que somos só poeiras nesse processo intenso que é a comunhão.
Algo me inquieta quando noto que as pessoas usam as plantas apenas como adorno. É como se sentisse eu próprio o adorno dos
outros.
Há necessariamente que se pensar que a vida está presente na vida nas suas diversas formas e que as flores e os frutos nos são
tão necessários como é necessária a alegria por querer viver.
Vivo porque quero viver.
Ulisses Aesse é editor de Reportagem

Um comentário:

  1. Não é porque é meu irmão, mas o Blog do Aesse já é um dos melhores de Goiás. Mas como na internet não existe divisão territorial, este blogo caminha para ser o melhor do país. A Aesselândia é deveras interessante...

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